Isolamento social e saúde mental das crianças

Diego Camargo

Diego Camargo

Ficar em casa, é o que estamos sendo orientados a fazer com o objetivo de amenizar a pandemia até as nossas vidas voltarem ao normal. Entretanto, o período de quarentena não é nada confortável, pois necessitamos de interação e contato social.

O isolamento social, o estresse, a incerteza e as preocupações que estamos vivendo neste momento são questões que podem gerar diversos adoecimentos mentais, como ansiedade e depressão, e o autocuidado torna-se crucial nesse período.

É importante pensar, que em meio a tantas adaptações as crianças também sentem dificuldades e sofrimento psíquico. É indispensável que as famílias aprendam a valorizar os sentimentos de insegurança, dúvidas, medos possibilitando um espaço de escuta para elas. Não podemos subestimar as crianças, elas podem não entender a proporção dos fatos deste momento, mas elas estão sobre estresse cotidiano, um ambiente de tensão está sendo mostrado todo dia, existe o afastamento da sua rotina escolar, não tem mais interação com os amigos, estão afastados das pessoas queridas de referências como avós e tios e tudo isso gera angústia, insatisfação, agitação e medos.

É importante valorizar estes sentimentos das crianças e organizar uma rotina saudável para que todos possam interagir de forma harmônica, sem guerras ou sensação de impotência de como lidar com os filhos. Algumas dicas para minimizar os desconfortos deste isolamento é buscar seguir uma organização diária, como por ex, horário de sono, almoço, banho, atividade escolar dirigida, o que muda são os horários de brincar, com irmãos, pais ou sozinho.

Buscar entreter a gurizada nos afazeres do lar, cozinhando e organizando desenvolve um senso de responsabilidade e pode ser divertido. Usar a imaginação, é sempre bom, criar brinquedos com sucata, fazer um ensaio fotográfico criando roupas e cenários, faça fantoches e monte uma história, escrever cartinhas para amigos ou familiar, guerra de papel, jogos de adivinhação, telefone sem fio, caça ao tesouro, cuidar de plantas, limpar os brinquedos, faça um piquenique em família, são infinitas possibilidades saudáveis. Aproveite o tempo para fazer um resgate das brincadeiras de infância e ensine seus filhos que dá para curtir, brincar, se divertir sem uso de tanta tecnologia. Tudo deve der dosado para não haver desequilíbrio. Neste momento de isolamento o contato físico com os familiares faz toda diferença, agarre esta oportunidade de ficar mais perto da família.

Precisamos entender, que a família é o porto seguro das crianças, e que os pais serão mais exigidos emocionalmente neste momento. Pode ser que em muitos momentos os pais vão perder a calma e a paciência, e isso é humano. Porém, não podemos esquecer que os adultos têm mais recursos cognitivos e controle das emoções que as crianças. Esse é um momento de parada, de ritmo diferente, pais tendo que trabalhar em casa e cuidar dos filhos ao mesmo tempo, são situações que exigem autocontrole.

Estamos vivendo uma situação atípica, estressora, cobrar-se para ser produtivo neste momento, não é uma saída viável. Os dias que passamos em casa podem ser uma grande oportunidade de fortalecer nossa conexão real com quem vive com a gente.

 

Por Franciane Foiatto Schuster