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Milton Ribeiro diz ter recebido ligação de Bolsonaro sobre buscas dias antes de ser alvo da PF

Diego Camargo

Diego Camargo

O juiz Renato Coelho Borelli, da Justiça Federal do Distrito Federal, enviou os autos das investigações sobre o ex-ministro Milton Ribeiro e pastores suspeitos de atuarem no Ministério da Educação para análise do STF (Supremo Tribunal Federal) após suspeitas de interferência do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas apurações.

O magistrado deu a decisão após o Ministério Público Federal apontar “indício de vazamento da operação policial e possível interferência ilícita por parte do Presidente da República Jair Messias Bolsonaro nas investigações”.

O indício de vazamento foi encontrado nas interceptações telefônicas do ex-ministro e apontado pela Polícia Federal. A informação foi antecipada pelo site “Metrópoles” e confirmada pelo Globo. Em uma conversa com sua filha realizada no dia 9 de junho, Ribeiro relata uma conversa telefônica com Bolsonaro e cita que o presidente achava que fariam uma busca e apreensão contra seu ex-ministro.

Em um trecho do diálogo, Milton Ribeiro afirma:

— A única coisa meio… hoje o presidente me ligou… ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né? —disse Ribeiro para a filha, conforme gravação obtida pelo g1.

— Não! Não é isso… ele acha que vão fazer uma busca e apreensão… em casa… sabe… é… é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios né…

O juiz federal Renato Borelli, da 15ª Vara Federal do Distrito Federal, então, acolheu o pedido para enviar para o Supremo Tribunal Federal (STF) a investigação contra Milton Ribeiro. De acordo com a decisão, o pedido para envio ao STF partiu do Ministério Público Federal “pois verificada a possível interferência nas investigações por parte de detentor de foro por prerrogativa de função no Supremo”.

Na quinta, o delegado do caso, Bruno Calandrini, havia escrito uma mensagem a colegas dizendo que houve interferência da cúpula da PF para que Milton Ribeiro, após sua prisão, não fosse transferido para a carceragem da PF no Distrito Federal. Ele, entretanto, não citava nenhuma autoridade responsável por essa suposta interferência.

Com isso, caberá ao STF e à Procuradoria-Geral da República (PGR) analisar as provas para avaliar se a investigação deverá permanecer no Supremo ou se volta à primeira instância.

Fonte: MSN e O Globo │ Foto: Carolina Antunes/PR